Motivação, força de vontade, esforço, apoio e muita alegria. Esses são combustíveis que alimentam o estudante cadeirante de Capão Bonito, João Vitor Sudário do Nascimento para realização de um grande sonho: ser um paratleta profissional.
Aos 13 anos, aluno do 8º ano da Escola Oscar Kurtz, João Vitor é apaixonado por esportes, e sua cadeira de rodas jamais foi um obstáculo para realizar atividades realizadas na unidade escolar e também fora dela. “Eu sempre gostei muito de esportes, de todas as modalidades, principalmente o futsal, mas me apaixonei por atletismo desde o início de 2017, ano em que disputei a Paralimpíada Estudantil da Prefeitura de Capão Bonito, e conquistei a medalha de prata em corrida”, contou.
Percebendo a motivação de João Vitor nas aulas e a dedicação do aluno na prática esportiva, o professor de Educação Física, Ricardo José Oliveira, passou a pesquisar treinos específicos para cadeirantes com o objetivo de apoiar o estudante em suas atividades. “O João Vitor tem uma dedicação extraordinária, muitas vezes participa mais do que os demais alunos. Eu também sempre fui motivado a dar aulas, mas depois que comecei a trabalhar junto com o João, minha motivação aumentou. Nunca o vi chegando desanimado para as atividades e quer participar de todas as modalidades, mas sempre se destacou por gostar de velocidade, adrenalina e de fazer manobras com a cadeira de rodas”, destacou.
Com o apoio de Oliveira, João Vitor pratica os treinamentos, como corrida, em volta da quadra esportiva da escola, com distância de aproximadamente 100 metros, duas vezes por semana, como preparação para a Paralimpíada Estudantil de Capão Bonito que acontecerá no final deste ano. Segundo Ricardo, o estudante avançou bastante e a meta é prepará-lo para as Paralimpíadas Escolares do Estado de São Paulo e para os Jogos Regionais de 2019, quando João Vitor completará a idade mínima para a participação na competição.
Recentemente, aluno e professor estiveram em Itapetininga, para conhecer a também cadeirante e recordista brasileira na prova de 200m de corrida, a paratleta Jéssica Giacomeli, e sua treinadora Nice, especializada em esportes para pessoas com deficiência. Na cidade vizinha, eles puderam conhecer o treinamento profissional e a cadeira própria para disputar competições. “Foi uma experiência muito boa, utilizar a cadeira adequada foi muito importante. Temos o objetivo de adquirir uma para que possamos treinar com mais intensidade e que possamos estar prontos para as futuras competições”, explicaram.
“Além da experiência do João, pude entender técnicas e trocar ideias com a treinadora Nice. Ela nos deixou a disposição para buscarmos apoio e orientações com ela, além de nos convidar a voltar para Itapetininga quando quisermos para novos treinos, isso é muito importante”, disse Ricardo.
A mãe de João Vitor, Andreia Sudário, afirmou que apoia o sonho do filho, apesar de confessar que sempre ficou preocupada com a “correria” dele. “Desde muito pequeno, ele realmente gosta de esporte, de futebol, frequentemente estava brincando com bola, e eu sempre o apoiei, mesmo com medo de ele cair da cadeira de rodas. O João é um menino espetacular, nunca demonstra tristeza, sempre foi muito animado e às vezes é ele quem nos dá forças. Para mim é como se ele não tivesse qualquer dificuldade e obstáculo a vencer”, relatou.
O professor Ricardo ainda destacou a importância dos esportes não só para João Vitor, mas para todas as pessoas com deficiência, como meio de buscarem a liberdade. “O esporte faz com que eles fiquem mais autônomos, pois os deixam com mais força e resistência para realizarem as atividades do dia a dia, e o João pode ser uma inspiração para outras pessoas com deficiência. Tenho certeza que já é um importante início. As pessoas com deficiência precisam de apoio para chegarem aos seus objetivos e eles têm o direito de buscarem isso”, afirmou.
Por fim, João Vitor resumiu o esporte para ele e disse aonde pretende chegar. “O esporte hoje é a minha vida. Eu me sinto livre fazendo o que gosto, e quero ser profissional, e quem sabe chegar às Paralimpíadas. Por isso estou treinando muito e dando o meu máximo. Além disso, quero vencer todos os obstáculos, ao completar idade, quero tirar carteira de motorista e ainda estudar o que mais gosto que é a Biologia, principalmente na busca de novas espécies de plantas e animais. O esporte é uma das principais ferramentas para que eu busque todos os meus objetivos de vida”, finalizou.